Estou impressionada com a capacidade que temos, eu você e o
resto do mundo de dar atenção ao que dizem sobre nós, e a nossa capacidade de
retornarmos o que achamos que falam de nós, falando mais ainda do outro.
Eu julgo, tu julgas, ele julga. E todos nós saímos perdendo.
Enquanto me preocupo e me irrito com o que é alheio, com o
que acho que os outros estão falando sobre mim, deixo de cuidar do que me é
cabido, as minhas atitudes, a minha trajetória e o meu jeito de lidar com os
problemas e as adversidades que a vida me apresenta.
Sei exatamente o que fulano deve fazer, sei como sicrano
deve agir, e sei como resolver os problemas de 90% dos meus amigos. Só que
enquanto analiso e resolvo os problemas alheios e espalho por aí o que poderiam
e deveriam fazer pra serem seres respeitáveis, decentes e cheios de amor
próprio, eles também estão fazendo a mesma coisa... E me vendo como alvo. Por
quê? Porque enquanto cuido da vida alheia, deixo a minha de lado, e abro espaço
pra que os problemas que vejo neles cheguem até mim.
Olha a maravilha... Julgo-me sem problemas e no final das
contas estou é me cegando diante de coisas muito piores que estão acontecendo
comigo. Eu também posso estar fazendo um papel ridículo, eu também posso estar sendo
traído (a), eu também posso estar sendo prepotente, eu posso ter problemas bem
piores, e posso estar sendo ridículo de não olhar pro meu próprio umbigo e
gastar meu latim com quem não vai ouvir, porque assim como eu está mais
preocupado com a vida alheia.
E eu, com certeza ao ler isso tudo estou pensando... “não,
não é sobre mim que ela escreveu, é sobre os outros”. E na verdade é sobre todo
o mundo, eu, você e eles. E sobre as vidas medíocres que levamos porque
queremos, porque desviamos o olhar do que nos afeta e voltamos pra o que nos
diverte. E é mesmo mais fácil viver assim. Mas é uma vida de mentiras,
estejamos ao menos cientes da escolha que fazemos todos os dias.
01/04/2013