sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Pinhal

Era véspera de um feriado como hoje, saí à noite pra dar uma volta e recebi um convite inesperado: “Topa ir pra um lugar, sem que eu te diga qual?” Eram 23h30 da noite, a temperatura beirava os 5°C e não havia mais nada a ser aproveitado em Igrejinha, então eu disse “Sim”. Dormi no trajeto e cochilei algumas vezes, primeiro próximo à São Leopoldo, depois num pedágio (Portão?!), noutro pedágio (onde é que eu tô agora, céus), e nas luzes vermelhas piscantes que ora estavam longe, ora estavam perto. Foram algumas horas de viagem, em que o sono da madrugada se misturava a curiosidade de saber onde seria o ponto final da viagem. Ao chegar numa rua de paralelepípedos acordei de vez, provavelmente devia estar chegando. Então vi os orelhões em forma de abelha, abelhas de várias formas exibindo-se nos canteiros da avenida, e por fim uma loja com o nome da cidade em que estávamos: Balneário Pinhal.
Ok, pra você pode ser apenas mais uma cidadezinha litorânea minúscula em que nada acontece o ano todo, pra mim também era até que li “A Favor do Vento” de Duca Leindecker, e Pinhal transformou-se num lugar mágico pra mim.
Pra quem não sabe, tenho uma lista de planos pequenos para realizar a curto prazo (inspirada naquelas de 100 coisas pra fazer em 1000 dias), minha lista tem 63 itens, sendo alguns deles os seguintes: Conhecer Pinhal; Passar um dia na praia no inverno; Ver o sol nascer na beira da praia. Neste 01 de junho de 2013 risquei estas três coisas do caderninho.
Não conheço Pinhal no verão, mas posso afirmar que a beleza da praia em geral é no inverno infinitamente maior. O lugar deserto torna-se quase exclusivamente meu, as gaivotas dão um belo espetáculo de coreografias aéreas pra me dizerem bom dia, as ondas fortes me mostram a força desse lugar, o sol nasce pra colorir esse paraíso e o frio faz com que eu sinta cada pedaço de mim e viva tudo com mais intensidade, transformando estes rápidos minutos em instantes mágicos.
Pinhal sempre vai ser mais que uma praia pra mim, sempre será um lugar pra voltar, como o músico do livro, em busca de algo que perdi e que só pode ser encontrado na beleza, na frieza e no barulho das ondas daquela praia no inverno.
Ao final do nascer do sol fui andar pela cidade, um único posto de gasolina encontrava-se aberto, perguntei a que horas abriria o restaurante anexo e ouvi o seguinte: “daqui a cinco meses, ele só abre no verão”. Diante da resposta usei o banheiro do posto mesmo e fui tirar fotos com as encantadoras abelhas. Depois da última foto, ao buscar a saída da cidade o tempo fechou e uma forte chuva começou a cair, me acompanhando até a chegada em Igrejinha, por volta das onze da manhã do dia 01 de junho.

Portanto esta é mais que uma foto pra mim, é a representação visual de tudo que Pinhal é, de tudo que esse passeio foi e da certeza de que eu tenho um cantinho no universo que faz meu coração bater mais forte.

terça-feira, 2 de abril de 2013

“O inferno são os outros”



Estou impressionada com a capacidade que temos, eu você e o resto do mundo de dar atenção ao que dizem sobre nós, e a nossa capacidade de retornarmos o que achamos que falam de nós, falando mais ainda do outro.
Eu julgo, tu julgas, ele julga. E todos nós saímos perdendo.
Enquanto me preocupo e me irrito com o que é alheio, com o que acho que os outros estão falando sobre mim, deixo de cuidar do que me é cabido, as minhas atitudes, a minha trajetória e o meu jeito de lidar com os problemas e as adversidades que a vida me apresenta.
Sei exatamente o que fulano deve fazer, sei como sicrano deve agir, e sei como resolver os problemas de 90% dos meus amigos. Só que enquanto analiso e resolvo os problemas alheios e espalho por aí o que poderiam e deveriam fazer pra serem seres respeitáveis, decentes e cheios de amor próprio, eles também estão fazendo a mesma coisa... E me vendo como alvo. Por quê? Porque enquanto cuido da vida alheia, deixo a minha de lado, e abro espaço pra que os problemas que vejo neles cheguem até mim.
Olha a maravilha... Julgo-me sem problemas e no final das contas estou é me cegando diante de coisas muito piores que estão acontecendo comigo. Eu também posso estar fazendo um papel ridículo, eu também posso estar sendo traído (a), eu também posso estar sendo prepotente, eu posso ter problemas bem piores, e posso estar sendo ridículo de não olhar pro meu próprio umbigo e gastar meu latim com quem não vai ouvir, porque assim como eu está mais preocupado com a vida alheia.
E eu, com certeza ao ler isso tudo estou pensando... “não, não é sobre mim que ela escreveu, é sobre os outros”. E na verdade é sobre todo o mundo, eu, você e eles. E sobre as vidas medíocres que levamos porque queremos, porque desviamos o olhar do que nos afeta e voltamos pra o que nos diverte. E é mesmo mais fácil viver assim. Mas é uma vida de mentiras, estejamos ao menos cientes da escolha que fazemos todos os dias.

01/04/2013

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Janeiro


Janeiro, o mês das férias, sol-calor-praia-diversão, o mês do meu aniversário, e que até este ano era o meu mês mais especial do ano. Mas não mais.
Hoje, no dia 31, onde todos agradecem os bens que ganharam de janeiro, eu agradeço por ter sobrevivido a ele.
Agradeço aos melhores amigos do mundo Jr, Flá, Gé, Pig, Ane, Lidi, Jô e demais, porque neste janeiro, vocês me mantiveram caminhando, vocês foram meus alicerces e devo infinitos obrigados . Sério, EU AMO VOCÊS.
Janeiro me fez ver, no meio do furacão, que sou cercada de pessoas maravilhosas e que o que não me faz bem não merece minha atenção.
Janeiro me ensinou a ser “maior que as muralhas”, a escolher o caminho mais difícil e a acreditar em luz no fim do túnel.
Janeiro me fez inconstante, difícil e determinada, ainda que a determinação mudasse de foco a cada instante.
Janeiro me fez envelhecer 10 anos em um mês e me trouxe as maiores decepções. Ainda estou tirando as lições e descobrindo o que ele quis me ensinar com tantas tribulações.
Janeiro me abriu os olhos pras durezas da vida e me tirou do meu conto de fadas.
Janeiro o meu ex-mês preferido, em seu final me disse que há problemas maiores do que os meus, tristezas que eu não faço ideia de como são piores. E que além dessas pessoinhas acima, existem mais um monte que querem o meu bem (o que é recíproco).
Janeiro me sacudiu, me tirou dos eixos, mexeu com as minhas bases, abalou minhas estruturas e me fez fechar os olhos e desejar que 2012 voltasse, ou ainda, que o tal ditado que diz que o ano começa depois do carnaval enfim, seja verdadeiro. Torço muito pra que seja.
Janeiro, neste ano tu já vai tarde, deixa as marcas, mas apesar de tudo seu trouxa, eu sobrevivi a ti. E te cuida, porque a lei do universo opera, e tu ainda vai ter de volta em dobro tudo que me deu (de bom e de ruim).