Era véspera de um feriado como hoje, saí à noite pra dar uma
volta e recebi um convite inesperado: “Topa ir pra um lugar, sem que eu te diga
qual?” Eram 23h30 da noite, a temperatura beirava os 5°C e não havia mais nada
a ser aproveitado em Igrejinha, então eu disse “Sim”. Dormi no trajeto e
cochilei algumas vezes, primeiro próximo à São Leopoldo, depois num pedágio
(Portão?!), noutro pedágio (onde é que eu tô agora, céus), e nas luzes
vermelhas piscantes que ora estavam longe, ora estavam perto. Foram algumas
horas de viagem, em que o sono da madrugada se misturava a curiosidade de saber
onde seria o ponto final da viagem. Ao chegar numa rua de paralelepípedos
acordei de vez, provavelmente devia estar chegando. Então vi os orelhões em
forma de abelha, abelhas de várias formas exibindo-se nos canteiros da avenida,
e por fim uma loja com o nome da cidade em que estávamos: Balneário Pinhal.
Ok, pra você pode ser apenas mais uma cidadezinha litorânea minúscula
em que nada acontece o ano todo, pra mim também era até que li “A Favor do
Vento” de Duca Leindecker, e Pinhal transformou-se num lugar mágico pra mim.
Pra quem não sabe, tenho uma lista de planos pequenos para
realizar a curto prazo (inspirada naquelas de 100 coisas pra fazer em 1000
dias), minha lista tem 63 itens, sendo alguns deles os seguintes: Conhecer
Pinhal; Passar um dia na praia no inverno; Ver o sol nascer na beira da praia.
Neste 01 de junho de 2013 risquei estas três coisas do caderninho.
Não conheço Pinhal no verão, mas posso afirmar que a beleza
da praia em geral é no inverno infinitamente maior. O lugar deserto torna-se
quase exclusivamente meu, as gaivotas dão um belo espetáculo de coreografias aéreas
pra me dizerem bom dia, as ondas fortes me mostram a força desse lugar, o sol
nasce pra colorir esse paraíso e o frio faz com que eu sinta cada pedaço de mim
e viva tudo com mais intensidade, transformando estes rápidos minutos em
instantes mágicos.
Pinhal sempre vai ser mais que uma praia pra mim, sempre
será um lugar pra voltar, como o músico do livro, em busca de algo que perdi e
que só pode ser encontrado na beleza, na frieza e no barulho das ondas daquela
praia no inverno.
Ao final do nascer do sol fui andar pela cidade, um único posto
de gasolina encontrava-se aberto, perguntei a que horas abriria o restaurante
anexo e ouvi o seguinte: “daqui a cinco meses, ele só abre no verão”. Diante da
resposta usei o banheiro do posto mesmo e fui tirar fotos com as encantadoras
abelhas. Depois da última foto, ao buscar a saída da cidade o tempo fechou e
uma forte chuva começou a cair, me acompanhando até a chegada em Igrejinha, por
volta das onze da manhã do dia 01 de junho.
Portanto esta é mais que uma foto pra mim, é a representação
visual de tudo que Pinhal é, de tudo que esse passeio foi e da certeza de que
eu tenho um cantinho no universo que faz meu coração bater mais forte.